Água em Marte.


A sonda européia Mars Express detectou água em forma de gelo no pólo sul do planeta Marte, segundo divulgou a ESA, agência espacial européia, em Darmstadt, Alemanha. A existência de água pode ser um indício de que existiu, ou pode existir, vida lá, além de abrir caminho para futuras missões tripuladas ao planeta.

Os cientistas ainda ignoram a quantidade exata de gelo e também se ele é permanente ou se evapora durante o verão marciano, para voltar a se condensar durante o inverno.

O responsável pela descoberta é o Omega, equipamento instalado na Mars Express que combina uma câmera e um espectrômetro --instrumento capaz de decompor radiação de um corpo em um espectro de energias, que podem ser estudadas separadamente e ajudar a entender a composição desse corpo. Ele mapeou o pólo sul de Marte no dia 18 de janeiro e encontrou água congelada e também dióxido de carbono.

A informação, segundo a ESA, foi confirmada pelo PFS, um espectrômetro de alta resolução instalado na sonda. As técnicas de medição permitem à agência espacial detectar a composição química da atmosfera e da superfície de Marte.

A equipe também identificou indícios de erosão por água. Eles suspeitavam há cerca de 30 anos que havia água em Marte sob a forma de gelo, mas até agora só tinham confirmações indiretas, graças principalmente à missão norte-americana Mars Odyssey.


Missão européia

O principal objetivo da missão européia era descobrir a presença de água em algum de seus estados físicos. Para tanto, a agência espacial européia viajou cerca de 500 milhões de quilômetros com uma sonda e um módulo de pouso a um custo aproximado de 300 milhões de euros para estudar o planeta vermelho por dois anos terrestres.

A sonda Mars Express estava a caminho do planeta desde 2 de junho de 2003, ela entrou em órbita no dia 25 de dezembro. Possui sete instrumentos científicos capazes de investigar a atmosfera, a superfície e o subsolo de Marte.

O módulo de pouso é o Beagle-2, fruto de uma cooperação internacional que envolveu mais de uma centena de sociedades e trinta institutos de pesquisa ou universidades de quinze países diferentes. A missão do robô era recolher e analisar amostras do subsolo marciano.

Mudo desde que chegou a Marte, na mesma data em que a sonda entrou em órbita, o robô é tido como perdido. Os cientistas da ESA suspeitam que ele possa ter caído em uma cratera e, por isso, esteja enfrentando dificuldades de comunicação.

Disputa

Na verdadeira guerra entre Estados Unidos e Europa para "conquistar? o planeta vermelho, a ESA tropeçou primeiro, pois ainda não conseguiu contato com seu robô Beagle-2, que está silencioso em Marte desde que chegou ao planeta, no dia 25 de dezembro. Já o robô Spirit, da Nasa (agência espacial norte-americana) só voltou a se comunicar com a Terra ontem. O jipe norte-americano está em solo marciano há praticamente uma semana, e ia começar a perfurar uma rocha para análises químicas.

Mesmo assim, os EUA continuam na frente, já que não é a primeira vez que imagens de satélite ajudam os cientistas a detectar água sob a superfície de Marte. Em março do ano passado, cientistas chegaram à conclusão de que há água em estado líquido na superfície do planeta ao analisar imagens da sonda norte-americana Mars Global Surveyor. Em 2002, dados da sonda Mars Odyssey, também dos EUA, mostraram enormes quantidades de água congelada recobertas por menos de um metro de terra, sob a superfície.


Rochas

Cientistas da Nasa podem ter descoberto a mais forte evidência de rochas formadas pela ação da água em Marte. O jipe Opportunity enviou imagens de placas que parecem conter finas camadas, informaram ontem os pesquisadores, em entrevista coletiva realizada no JPL (Laboratório de Propulsão a Jato), na Califórnia. Na Terra, essas marcas são normalmente associadas às chamadas rochas sedimentares, produzidas pela deposição de material pela água ou pelo vento.

As camadas teriam espessura de um centímetro em alguns lugares, o que indica que provavelmente não são fruto de fluxos de lava, mas os cientistas da agência espacial norte-americana dizem que mais análises serão necessárias.

Caso as rochas sejam de fato sedimentares, provavelmente foram fruto da ação da água, não dos ventos, segundo os cientistas.

Todos esses dados devem ser obtidos quando o Opportunity puder iniciar suas andanças pelo solo de Meridiani Planum, em Marte.

Cor

Uma velha lenda sobre a exploração do planeta vermelho ressurge na Internet: a de que a Nasa anda manipulando as cores para suprimir padrões indicativos da presença de tons verdes (traços de vida) no solo marciano.

A lenda tem origem no fato de que é preciso calibrar as cores das imagens para tentar reproduzir algo próximo do que o olho humano seria capaz de observar.

Pesquisadores como o polêmico Gilbert Levin, que diz ter detectado vida em Marte com um experimento na sondas americanas Viking em 1976, afirmam que o solo marciano é menos vermelho do que o visto nas imagens e até mesmo que o céu naquele planeta seria visto como azul.

A maioria dos cientistas planetários, entretanto, não dá crédito a esses dissidentes e argumenta que os filtros usados pela Nasa são os mais adequados para obter as informações científicas.

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